"Não mudaremos nada em 'Legendários'"

"Não mudaremos nada em 'Legendários'" - by Marcos Mion
RIO - O apresentador Marcos Mion conversou por e-mail com a Revista da TV sobre seu programa, "Legendários". Exibida pela Record nas noites de sábado, a atração é estrelada e dirigida por ele. Leia abaixo a entrevista na íntegra:
O Globo: Qual o balanço que faz de 'Legendários' até aqui? Quais os quadros que mais agradam ao público? O que não está funcionando no ar?

Marcos Mion: Graças ao esforço constante da equipe, o balanço é o melhor possível. Acima das expectativas. Um programa que, com três meses, é colocado ao lado de "Panico" e "CQC" em termos de relevância, que tem a vice-liderança consolidada e o sucesso comercial que nós temos, só pode superar qualquer expectativa. Todos os quadros funcionam no ar, sem exceção. Nunca, até hoje, tivemos um quadro que despencou na audiência. Mas alguns casos se destacam como o "Vale a pena ver direito", um quadro que comecei a fazer há duas semanas e, nestas duas inserções, foi o pico de audiência do programa. A Miá Mello, com sua Teena, já é um enorme sucesso. O Felipe Solari é outro que dispara a audiência e conquista, a cada dia que passa, uma credibilidade num tema pouco visto na televisão. O Grupo Banana Mecânica, logo no primeiro programa lançou o Tião que o público não deixa sair do ar! Até merchandising ele já fez! E em breve começamos a colocar no ar a novela Mutontos! Élcio Coronato já é um dos preferidos também, pois suas matérias tem consistência. João Gordo é recebido com muito respeito onde vai e seu programa simultâneo na web tem número de acessos assustador. Para terminar, outro dia entrei no elevador e uma mulher me perguntou: "Você é o Mionzinho, né?". E ela não estava brincando! Ou seja, o programa é um sucesso! (risos)

2) Acredita que o programa sofreu com o excesso de expectativa?

Mion: Sim! Muitas coisas aconteceram para isto e é uma longa história. Minha ida para Record vazou seis meses antes do que o previsto, eu ainda era contratado pela MTV. Essa espera entre o processo de criação e a estréia gerou expectativa. A estratégia adotada pela emissora, de não falar nada sobre o projeto, causou muito desta enorme expectativa. E este clima foi colando no programa... Uma chamada foi ao ar dizendo que eu estava criando "um programa que viraria lenda da televisão". Só que essa chamada foi gravada para mostrar o programa para as afiliadas da Record em convenção! Texto escrito pela emissora, afinal ninguém vende um produto dizendo que vai ser é ruim, certo?! E o que deveria ser uma divulgação interna, foi ao ar, por um erro, para todo o Brasil, inclusive me causando problemas jurídicos. Foi veiculada apenas duas vezes na programação até eu pedir pra sair do ar! Mas foi para a internet...e então a primeira imagem que tiveram minha na Record foi esta, que era pra vender o programa internamente, dizendo que "ia virar lenda". Quem acompanhou a criação do projeto, direção da Record, agência que fez o lançamento do produto, viram meu esforço para tirar qualquer texto que supervalorizasse o programa. Um detalhe: o programa não teve divulgação em revista na semana de estréia porque eu não aprovava o texto do anúncio! Os textos eram sempre coisas do tipo: "A melhor solução...", "vai revolucionar...", "sua vida nunca mais será a mesma.." Só coisas assim! Eu que cortei todas, evitando que este clima pegasse no programa. Coisas que fugiram do meu controle, mas que não me manifestei na época por estar totalmente envolvido com o projeto.

3) Você pecou ao falar que o programa seria, de certa forma, revolucionário e criaria uma nova linguagem de televisão?

Mion: Eu te pergunto de volta: Você fez sua pesquisa e achou videos meus dizendo estas palavras ou você está pecando por perguntar "de orelha"? Resumindo, eu não dei entrevistas antes da estréia, falei pela primeira vez na coletiva, e o que pode chegar perto das palavras que você cita na pergunta foram: "Não queremos fazer o que todos fazem, queremos buscar uma nova linguagem, a nossa linguagem! Nem melhor, nem pior, apenas a NOSSA." - O que é bem diferente de "a nova linguagem da televisão brasileira" e o minimo que se pode esperar de uma equipe que vai fazer um programa novo (risos)! E quanto a revolucionário, a única vez que falei isto foi para tirar sarro de nós mesmos e deste clima todo no pgm de estréia: disse que nossos textos seriam revolucionários e então entravamos numa sequencia de piadas "à la Zorra Total", com claque e tudo. Era uma piada irônica, como as que falo até hoje.

4) Como lida com as críticas negativas? As comparações com o 'Pânico' e o 'CQC' incomodam?

Mion: É assim que a roda gira, meu amigo! Quando o "CQC" estreou as comparações com o "Pânico" eram a notícia da vez. Quando o Luciano Huck foi para a Globo era massacrado pela imprensa e pelo Raul Gil na audiência. Tenho apenas três meses no ar e muita trabalho pela frente. Serei obrigado a usar uma frase bem clichê: só o tempo dirá. E sabe o que é pior? Nossa chegada foi tão humilde que, na coletiva, você pode me ver falando: "Óbvio que vocês verão muita coisa que trará a sensação de já terem visto antes no "CQC", no "Pânico", no "Caldeirão", entre outros... Fazer algo 100% original, hoje em dia, é muito dificil. É só ver o "CQC", que é o McDonalds da televisão, e tem a credibilidade que tem! Tudo já foi feito, as ideias estão no ar, todos os profissionais se conhecem e são da mesma geração, tem as mesmas fontes, o importante é cada um contar a história do seu jeito". Dá pra ser mais humilde que isto?!! Ou seja, sempre soubemos que comparações viriam, faz parte! Não incomodam.

5) Qual foi a sua reação quando soube do tal vídeo 'Legendários fail'? Fica chateado com a repercussão ruim do programa na Internet?

Mion: Este vídeo é muito bom! Me levou a pensar até em descobrir quem foi o moleque e fazer uma proposta para ele vir trabalhar de editor pro Legendários! Foi muito bem editado, deu muito trabalho pra fazer, envolvendo um extenso trabalho de pesquisa sobre o programa. Infelizmente esta pessoa optou por manipular, editar e criar esta imagem do Legendários, mas felizmente as imagens originais estão à disposição de qualquer um para que tirem suas próprias conclusões e ouçam as frases até o fim sem serem cortadas no meio e encaixadas neste contexto. Imagens são fortes e, por isto mesmo, reitero o convite pra todos assistirem ao original toda semana, aos sábados, e tirarem suas próprias conclusões ou, neste caso, fazer sua própria edição!

6) Você acha que acaba sendo um cara perseguido ou muito cobrado?

Mion: A cobrança é boa! Comecei muito cedo e, graças a Deus e a muito trabalho, privação e dedicação, sempre tive sucesso. Portanto quem gosta do meu trabalho, exige muito de mim mesmo e eu acho isto estimulante. Me faz procurar ser um artista melhor. Sempre abracei desafios enormes, sempre com pouca idade e sempre dando a cara a tapa, é assim que eu sou e é nisto que acredito. E, logicamente, posso contar com todos os profissionais e com o público que sempre embarcam comigo, me cobrando também, está na conta! Ninguém cobra nada de uma pessoa que é indiferente pra ela, concorda?!

7) Qual foi o critério para a recente saída de três integrantes do programa?

Mion: O programafoi montado para ter duas horas de duração. Na grade atual encontramos nosso espaço aos sabados, com duração de uma hora, portanto o critério foi unicamente espaço. Uma adequação racional e profissional do nosso conteúdo ao nosso tempo de arte. Era necessário focar mais para termos mais força. A saída dos três foi uma decisão difícil tanto para mim quanto para o conselho artístico da Record, mas precisava ser feito. Jaque, Gui e Marrom fazem muita falta, são profissionais excelentes e continuarão no elenco da emissora.

8) O programa passará por mais mudanças?

Mion: Sim, a partir de agora, vamos dispensar um integrante do elenco por mês e trazer um time de cubanos para sermos cada vez mais revolucionários. Brincadeira! Não, não teremos mais mudanças, não.

Então continuará no traço. :P